Se você colocar os termos espiritualidade e saúde no Google acadêmico, você vai encontrar cerca de 2 milhões e meio de referências. Esse é um tema bastante pesquisado, bastante estudado, diferentemente do que talvez esteja no inconsciente coletivo, de que é uma coisa do sobrenatural, é, na minha leitura, uma coisa real. As pessoas que têm uma espiritualidade mais... mais praticante da espiritualidade, da religião das diversas formas, elas, de fato, de acordo com esses estudos, adoecem menos e têm menor mortalidade. E é por esse motivo que eu chamei aqui a doutora Judite Gonzalez pra nos ajudar, a gente vai fazer uma conversa sobre esse assunto. Seja bem-vinda, Judite.
Eu que agradeço. Boa noite a todos.
Judite é médica também. Judite, a primeira pergunta que eu tenho pra você é como a espiritualidade pode impactar a saúde física e mental de uma pessoa?
Eu penso, eu sou clínica geral, trabalho como médica generalista e eu tenho uma experiência assim, fiquei 20 anos na Estratégia Saúde da Família. E aí, eu fui pro caminho da medicina holística. Então, eu fiz a homeopatia e fui pra acupuntura, sou muito apaixonada pela medicina chinesa.
E aí, a gente começa a perceber que quando a pessoa tem a sensação que ela faz parte do mundo, que ela não é isolada, que ela tem a sua singularidade, que ela é um ser único e importante, a gente percebe que essa pessoa tem uma conexão com algo maior.
Então, quando você percebe que uma pessoa, ela tá muito sozinha e muito isolada no mundinho dela, ela não tem conexão com nada.
Eu acho que a espiritualidade, ela tá presente na natureza.
Eu não dou um nome a ela, né?
Eu falo que assim, às vezes a gente se prende no nome nesse sentido de espiritualidade.
Então, não é Deus, não é Buda, não é Krishna, enfim.
É essa força que a gente tem quando a gente olha pra esse mundo aí fora. Então, quando a gente olha pro céu, quando a gente olha pras estrelas, quando a gente olha pro fluir do mar, quando a gente se conecta com essas energias, eu falo que a gente tá em sintonia com a espiritualidade.
Parece que é um reconhecimento do todo dentro de você, sabe?
Então, eu percebo muito isso, que isso faz uma diferença.
Então, quando alguém entra na nossa sala com o olhar já muito baixo, e parece que nada em si, ele não faz parte. Parece que ele não faz parte quando ele não tá conectado, não pertence, né?
E quando a gente vai puxando os elementos da natureza, parece que essa pessoa, ela vai entendendo que ela faz parte do movimento, ela faz parte desse Deus, que por assim eu posso chamar assim. Desse Deus natureza, né?
Desse grande sistema que é o nosso planeta.
Eu falo que a gente pertence a vários sistemas, né? Então, o sistema universal, a pátria, o estado, a cidade, o grupo de família, o grupo de amigos. A gente faz parte de tudo isso, e isso pra mim é espiritualidade, é essa conexão.
O fato de uma pessoa se reconhecer como parte do mundo, e parte do conhecimento, você acredita que dessa forma existe esse impacto da espiritualidade na saúde?
Existe. Vai existir na saúde.
Eu vejo muito, às vezes, o paciente, ele entra na nossa sala, e você faz algumas perguntas. O que você gosta, né? O que você gosta? O que te chama a atenção? Você caminha? Como é a sua respiração? A pessoa suspira na sua frente. Acho muito engraçado quando você fala da respiração, né? Porque eu falo que a respiração, pra mim, no meu conceito, respiração é uma conexão com Deus. Esse Deus, essa força yang. E saber um pouquinho da nossa nutrição é quase que uma conexão com a Terra, com a Mãe Terra, né?
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